30.3.06

~\*/~ Som da Semana ~\*/~

Astor Piazzolla - 20 Super Sucessos (2005)

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(reupado)


Nome completo: Astor Pantaleón Piazzolla
Bandoneonista, pianista, diretor, compositor e arranjador.

* 11/03/1921
+ 04/07/1992

Sua inserção no Tango se deu por volta de 1938, quando a letargia do tango era o auge das produções. Uma mescla de amor e desprezo, pois o academicismo a época repudiava suas idéias inovadoras. Piazzola era um eterno lutador contra a mediocridade e o conservadorismo em que o tango começava a cristalizar-se. Pelos idos da década de 50, Piazzola era encarado da seguinte forma pelos pasquins e revistas de música da argentina: "Piazzola no es tango".

Nascido em Mar del plata em 1921, aos 3 anos foi morar em Nova-iorque com os pais, onde, em 1929, teve seu primeiro contato com o bandoneon, em 1932, compôs seu primeiro tango "la cantiga", nunca difundido, e filmou "El dia que me quieras" como ator infantil, junto a Carlos Gardel.

Em 1936, volta à argentina e compõe vários grupos locais até assentar em um que adotava o Estilo de Sexteto Vardaro (um estilo mais robusto e firme de tango, com mais paradas).

Em 1938, Piazzola se junta à orquestra de Aníbal Troilo e também como arranjador e ocasional pianista de Orlando Goñi. Troilo, no entanto, teve alguns problemas com Piazzola do ponto de vista ideológico no que se diz respeito ao seu estilo inovador. Assim, em 1944, o ímpeto revolucionário de Piazzola o leva a abandonar a orquestra de Troilo para dirigir a orquestra destinada a acompanhar o canto Francisco Fiorentino. Foi uma extraordinária junção de um músico extremamente popular e um músico de talento único. O 78 rotações resultante do trabalho incluiu os dois primeiros instrumentais registrados por Piazzola "la chiflada" e "color de rosa". em 1946, Astor lança sua própria Orquestra.

No início da década de 50, o tango poderia perder um dos seus melhors músicos, quando Piazzolla, indeciso entre o piano e o bandoneon, decide ir à Paris para o conservatório de mísica em 1954, mas a musica Nadia Boulanger o persuadiu a voltar ao que tinha de mais forte em sua arte, o tango e o bandoneon. Com as cordas da orquestra de Paris, Piazzola começa a sua era de ouro (que não teve fim até a sua morte e talvez depois dela), gravando "Nonino" (antecedente ao célebre "Adios, Nonino", um requiem para o seu falecido pai).

De volta à Argentina, Piazzolla segue dois caminhos paralelamente, tlevando à frente sua orquestra de bandoneon e cordas e formando o "Octeto Buenos Aires". O octeto, apesar de agradar mais Piazzolla, acabou por se desfazer depois de gravar apenas dois LPs que não fizeram muito sucesso pela extrema ousadia dos arranjos e quebra com certas letargias do tango.

Em 1958, Piazzolla volta à novayork e lá fica por dois anos, aprimorando e reinventando o seu tango. Ele retornou de Nova York na parte mais difícil de sua vida. Nos EUA, Piazzola, que já era considrado pelos maestros mais tradicionalistas da argentina como uma espécie de "músico subversivo de músicos", experimentou novas formas de se tocar tango, entre eles o que ele apelidou de "jazz tango".

De volta a Buenos Aires em 1960, o Movimento nuevo tango, personificado pelo Astor e pelo seu "quinteto nuevo tango" se alastou pela Argentina como fogo em palha seca, pois atingiu justamente os mais jovens (mas não apenas eles, pois logo outros artistas tradicionais se renderam às possibilidades que a nova formação dava à criatividade musical).

Piazzolla consolidou seu nome e ao redor dele se formaram diversos grupos que levavam o seu nome (Piazzola e su Quinteto, Oceteto Piazzolla e, finalmente, o Sexteto Piazzolla).

Referência "siteográfica":
TODO TANGO - www.todotango.com

O texto é contribuição especialíssima de um amigo tanguero de alma e coração, Luis Eduardo, o Duda. Crédito para ele. Obrigado! O post é para você, irmão! :)

Músicas:

01.Adios Nonino 02.Preludio para el Año 3001 03.Los Pajaros Perdidos 04.Balada Para mi Muerte 05.Vamos, Nina 06.Las Ciudades 07.Amelitango 08.La Primera Palabra 09.equena Cancion para Matilde 10.Fuga Y Misterio 11.La Muerte del Angel 12. ños de Soledad 13.Oblivion 14.Libertango 15.Enrico Iv 16.Inspiracion 17.Fuga Nueve 18.En 3X4 19.Jeanne Y Paul (Ultimo Tango em Paris) 20.Violetas Populares

(111Mb)



23.3.06

Chamada importante...

Quem gosta de ler, fazer uma viagem pelas idéias, poesias, alegrias e ("por que não?") sofrimentos humanos, não pode deixar de visitar o

"Warum Nicht?"

Excelente blog despontando, com um alemão bem brasileiro :)

Se no mundo atual a imagem diz tudo...

Pedreiro mata desconhecida e diz que foi "momento de loucura"

Dando uma lidinha rápida pelas novidades do dia, hoje, cheguei à notícia do título. Momento de loucura, de vertigem: de repente, na globalizada internet acho uma reportagem de um lugar que passei exatamente um dia antes do ocorrido.
Mas vem cá: se o pedreiro matou a senhora a navalhada, não estava armado? Eu consideraria arma uma navalha nas mãos de um sujeito "em atitude suspeita".
E outra coisa: ainda se usa isso por aí? Ele era louco ou cabeleireiro?

15.3.06

Tem Tio Sukita no Samba

por Fernanda Canavêz e Paloma Moura

”Foram me chamar, eu estou aqui, o quê que há? Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho...". O convite foi feito: domingo vai rolar a nossa roda no Posto 9 - diz nosso famoso Tio Sukita, da Escravos da Mauá. Fala como que ao pé do ouvido, para que ninguém descubra tal pérola: a mais disputada roda de samba carioca nos últimos anos clama por discrição. O Largo da Prainha ficou pequeno para a mocidade que aprende a admirar os grandes bambas do samba. Entretanto, como "o samba agoniza, mas não morre", a concorridíssima velha guarda aposta no reduto jovem, o Posto 9, para perpetuar a roda da escravidão.
Saímos de lá pequenininhas, "o que é que há", para ouvir famosos hinos fundamentais em uma roda de muito estilo. Samba de qualidade, fim-de-tarde em Ipanema, encontro com as amigas... O que mais poderíamos querer? Momentos tão simples e agradáveis já começam a deixar saudade. Será que vai ser para sempre? Será que nossa amizade vai acabar? - já questionava uma de nós outro dia. Talvez não, nem tudo "caminha no mesmo lugar, sem pressa, sem medo de errar". O encontro de gerações já nos leva a pensar no futuro. Como seremos?
Uma senhorinha serelepe começa a dar o ar de sua graça entre seus companheiros de meia idade. Um vestidinho divertido, corpinho de Barbie e suquinho Gummie na carcaça!!! Afinal de contas, ninguém consegue dar pulinhos de alegria na areia por tanto tempo. De repente, vê nosso Tio Sukita e dispara em sua direção para uma saudação calorosa. Nem reparou que, em sua jornada, foi jogando areia em quem escutava calmamente a cantoria. Volta ao seu palco particular e continua sambando: alegre e sozinha, como se nada mais fosse necessário para deixá-la satisfeita.
Nossa "menininha" era observada atentamente por uma coroa alta (é, comprida mesmo), que carregava uma garrafa de água. É, água mesmo, daquelas que os passarinhos bebem. Seus cabelos lembravam Maria Bethânia, claro que não eram só os cabelos, afinal sua postura e olhar melancólicos se destacavam no meio das alegres senhoras que cantavam os sambas e se emocionavam, como que seduzidas pelos seus próprios retratos.
Estavam ali, na areia fria, identificadas com os causos mais inusitados, relatados pelos sambas mais, talvez, ginasianos, sugerindo a todos uma eterna pergunta: o que resta de nós senão estes versos? Poderia eu, ter escrito isto? Fala de mim ou fala de todos?
A pergunta adormece por alguns instantes, quando mais um copo de cerveja é entornado. De repente, um grito emocionado anuncia: "Acreditar, eu não. Recomeçar, jamais!". Nele, se misturam todos, no intenso canto de identificação do amor acabado. Os serenos ouvintes se levantam e se juntam aos mais empolgados para cantar, todos, o seu hino. Olha-se para um lado e lá está ela, enrolada numa canga preta, sorridente, cumprimentando um bebê de colo. Era ela, o retrato do nosso futuro, com um olhar tranqüilo, meio despretencioso da vida.
Veja bem, não era triste e sim descompromissado. Seu dançar e seu caminhar eram leves e sua simpatia, há que ser confessado, muito nos invejou. Ainda admiradas pela dama de negro, fomos surpreendidas por uma cena no mínimo dantesca: uma senhora um tanto quanto curiosa brinca alegremente com sua dentadura. Travando uma luta na qual a única perdedora poderia ser sua imagem perante os colegas de roda, a moça futuca para lá e para cá, na tentativa de minimizar sua ansiedade. Ansiosa por quê? Talvez por ter perdido o brilho de sua juventude, por não saber entoar os cânticos universais que eram tocados?
Certamente, a criatura "resolveu ficar, é que os momentos felizes tinham deixado raízes em seu penar". Não entendeu direito o "enredo desse samba amor", quando negligenciou a advertência de Dona Ivone Lara. É isso aí, amigas, "a vida foi em frente e você simplesmente não viu o que ficou pra trás!" Como seremos? Não sei, há que se atentar para a simpatia que, diga-se de passagem, é quase amor.
Envoltas numa canga preta, ouçamos mais Dona Ivone. A princípio nos restam muitos carnavais e tomara que, dentro de alguns anos, não nos reste como única diversão o embate com nossas dentaduras!!!!
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O texto supra-citado é criação de duas amissíssimas minhas, Capivara e Palerma. Está publicado em livro, mas infelizmente não sei informar por enquanto onde. Quem gostou ou não, ou quer deixar recado para as autoras, faça via comment, ok? Boa leitura!