3.11.09

Au revoir, Monsieur Levi-Strauss



Morreu no último sábado, 31 de outubro, o pensador, etnólogo, filósofo e mestre Claude Lévi-Strauss, em Paris. Isso ocorreu aos seus 100 anos, próximo à comemoração do seu 101o. aniversário, que seria realizado dia 28 de novembro.

Ele marcou a história das Ciências Sociais no Brasil e no mundo. Suas obras são de valor inestimável para o pensamento humano. Ele inicia o movimento da etnologia estrutural, realizando um desdobramento para além do evolucionismo e uma alternativa ao funcionalismo. Sua "Estruturas Elementares..." lançam uma perspectiva sobre o modo de entender a formação da família a partir do tabu, muito utilizada por um grande amigo seu: Jacques Lacan. Inclusive, Levi-Strauss participou durante algum tempo dos seminários de Lacan, sobretudo nos anos pré-contra-cultura, quando no início da movimento estruturalista. Junto com Levi-Strauss, Lacan, Barthes e Foucault formavam uma trupe de intelectuais que mostravam, para além do visível, a estrutura que subjaz e sustenta a realidade.

Em 1955, veio ao Brasil estudar as tribos indígenas, onde pôde retornar posteriormente para perceber que muitas das tradições haviam sido perdidas. Dessa primeira incursão brasileira nasceu "Tristes Trópicos", obra-prima do autor. Nesse ínterim participou da fundação da Escola de Ciências Sociais da recém-criada USP, onde lecionou de 1935 a 1939. Sobre sua vinda ao Brasil, confira o artigo "Lévi-Strauss no Brasil: a formação do etnólogo", de Fernanda Peixoto.

Mesmo no fim de sua vida, Levi-Strauss não perdeu suas convicções em uma sociedade estruturada a partir do poder do simbólico, criticando a sociedade contemporânea:

“Como etnólogo, só posso constatar que o mundo contemporâneo perdeu a fé em seus próprios valores. Sei que este não é nem o nosso problema principal, mas todos sabemos que, no final das contas, nenhuma civilização pode se desenvolver se não possui valores aos quais se agarrar profundamente. Acredito, por sinal, que nenhuma civilização possa sequer se manter na situação em que a nossa se encontra.” - Entrevista à “Veja”, 2003.

Destaco, a seguir, entradas de diversos sites que merecem destaque neste momento:



Au revoir, monsieur

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