11.12.05

Brasil pressiona europeus antes da cúpula da OMC

11/12/05 às 13:15

Países negociam corte de subsídios da UE de 38% para 54% para fechar acordo de livre comércio
HONG KONG - O Brasil acredita que a intensificação da pressão política forçará um acordo multilateral para o livre comércio no ano que vem, mas um gesto urgente da União Européia é necessário para fazer as negociações avançarem.
"A pressão política pelo acordo está se intensificando", afirmou o ministro do Exterior, Celso Amorim, à Reuters, na véspera da cúpula ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Hong Kong. "Não acho que a Rodada de Doha vá fracassar. Será uma responsabilidade muito grande para todos."
O Brasil é um dos países-chave das negociações da Rodada de Desenvolvimento de Doha, que deve terminar no início de 2007. As negociações estão paralisadas pela falta de uma proposta séria da União Européia de corte dos impostos de importação dos bens agrícolas, afirmou Amorim neste domingo.
A UE propôs um corte médio das tarifas de 38%, bem abaixo da exigência de 54% feita pelo Brasil e os outros membros do G20, o grupo de países em desenvolvimento.
A União Européia sustenta que não pode mudar sua oferta a não ser que os principais países em desenvolvimento derrubem as barreiras comerciais aos bens industriais e serviços. Amorim descartou o pedido da UE de que o Brasil reduza os impostos de importação de bens industriais em 75%.
"Essa não é uma rodada para auxiliar a Europa, mas sim uma rodada de desenvolvimento para ajudar os países em desenvolvimento", disse. "Como alguém pode pedir a um país em desenvolvimento um corte de 75% para os bens industriais e ao, mesmo tempo, oferecer em recíproca um corte de 38 por cento nas tarifas para os bens agrícolas? Isso não é lógico", afirmou.
O ministro afirmou que, no entanto, uma oferta melhor da UE, mesmo abaixo dos 54%, seria um sinal encorajador. "Se eles oferecerem um corte de 45 ou 46%, digamos, não aceitaremos - porque estamos pedindo 54% -, mas seria um sinal de que eles querem negociar", disse.
O Brasil sinalizou recentemente que está aberto a fazer mais concessões na abertura de seu mercado para os bens industriais e serviços, mas somente se a Europa der o primeiro passo.
Amorim acredita que a Europa será forçada, pela pressão política, a mudar sua oferta, mas somente no ano que vem. "Não acho que teremos uma mudança aqui em Hong Kong. Mas espero estar errado", declarou.
Ainda assim, Amorim acredita que deve acontecer algum progresso na cúpula, que começa na terça-feira reunindo ministros do comércio dos 148 membros da OMC.
A OMC concordou no ano passado como fim dos subsídios às exportações, e se a União Européia concordar com o prazo até 2010 para isso, apoiado por vários membros da OMC, será um sinal de progresso. "Esse é o tipo de gesto que mostraria que eles são sérios sobre a reforma na agricultura", disse.
Encontros ministeriais menores serão realizados no ano que vem e Amorim disse que um modelo final do acordo deve ser estabelecido até meados de 2006. "Ainda há tempo. Eu prefiro esperar seis meses e a intensificação da pressão política. Gostaríamos de resolver isso logo, mas não a qualquer preço."

Fonte: Reuters

Um comentário:

Mr. Frugal disse...

Uai! Ninguém leu ou ninguém tem nada a dizer? :|