Vida, por Serginho Groisman

O Serginho volta e meia divulga alguns textos dele pela web, através de seu profile do orkut. Quem quiser, tem uma comunidade sobre seus textos,a "Leio os Textos do Serginho"Da última vez que estive lá, ele estava com este aqui...

"Diz o Velho Testamento que Abraão, que era chefe de uma clã Arameu, tribo da região de Canaã onde hoje está Israel, recebeu uma ordem de Deus para matar o próprio filho, Isaac, para provar sua fé. Um pouco antes de matar o próprio filho, Deus teria ordenado que não fizesse aquilo, pois o ato de fé estava comprovado.
Acho que esse episódio foi o primeiro que mostra a morte como manifestação de fé.
Na nossa história, as igrejas de muitas religiões já usaram a fé e os dogmas como instrumento para a morte.O Tribunal da Inquisição, na Idade Média, mandou matar muita gente contrária às prescrições do Concilio de Trento, lá pelos anos de 1200. Pessoas que tinham idéias contrárias sofreram demais. Falar que a Terra era redonda, ou usar de símbolos não cristãos eram motivos para fogueira e torturas.
Não só a igeja católica cometeu atos de tortura em nome da fé.
Outros países em nome da religião entraram em guerra.
No Irã, depois da queda do Xá, voltou a concepção do Estado-Religião, onde os religiosos comandam o Estado .
O Brasil tem uma maioria da população católica, mas o governo não interfere nas coisas das religiões e vice versa.
A questão mais delicada que existe hoje está no Oriente Médio. Palestinos e Israelenses lutam por posições que embaralham as questões políticas com as religiosas.
Mas o que mais assombra o nosso planeta hoje, são os homens-bomba. Pessoas que lutam por questões políticas e morrem interpretando a fé de maneira adequada às necessidades políticas.
Já na segunda guerra mundial, os japoneses entravam em seus aviões e se arremessavam contra os navios dos aliados.
O 11 de setembro mostrou ao mundo que morrer para muitos é uma maneira de adquirir algo mais na frente, seja para ele mesmo, seja para uma causa.
É incrível como se colocam à disposição de algo que extraopla aquilo que temos de mais precioso, que é a vida !!!!!!
A coragem dos suicidas, os que se matam por amor, os que morrem em tiroteios, os que morrem nas cadeiras elétricas ou em frente ao pelotão.Os que morrem em terremotos ou tufões, em acidentes de carro, em brigas de rua, por acidentes com motos, no trabalho !! Enfim, mortes que fazem desaparecer gente. Pessoas que um dia riram, comeram, ficaram tristes, amaram, odiaram, foram boas, péssimas....Para onde foram?
O morte sempre me deixou perplexo. Uma vida que se vai é uma vida que nunca será a mesma, independente das crenças e das religiões que conformam a humanidade com a redenção, com a tranqulidade, e algumas até com a reencarnação.
Todos nós perderemos alguém que amamos. É o inevitável, é a certeza absoluta.
Por isso sou tão favorável a vida. Não sou obcecado pela morte, e só estou escrevendo isso porque li a notícia da queda de um avião onde muita gente morreu, e no dia seguinte nem uma linha sobre isso o jornal deu.
Não vou entrar no julgamento de quem deve morrer por atos terríveis.
Vou dizer que cada um deve usar de sua vida de maneira correta, buscando sabedoria e curiosidade para si mesmo, e pensar que cada um tem uma responsabilidade, para que nossa vida tenha prazer enquanto vivemos. Não só para a satisfação material, mas para compartilhar que temos interiormente. Se entregar é bom.
É bom se entregar no amor, na sabedoria, na distribuição do que sabemos .
A vida é mais do que uma ampulheta. É mais que um calendário. É mais do que um ato biológico com o rompimento de um cordão umbilical.
A vida é um sopro que devemos preservar. Nossa vida, nosso modo de ver as pessoas e o mundo, nossos valores, atitudes, amores. Isso nos fará imortais. A imortalidade existe se quem amamos sempre levar a gente na memória. Somos imortais sim !!! Imortais para quem se espelhar no que fomos. Cada um que sofre pra viver, que vive pra sofrer, que vive por amor, que morre por amor, que luta pelo semelhante, que ama alguém ou o mundo além de si, vive a vida que nenhuma morte irá matar".

Serginho Groisman